terça-feira, 13 de setembro de 2011

Autobiografia...

Exemplo para desenvolver a sua Autobiografia:
de
Nome…
Data…

Decorria o ano de 1938, quando um casal de noivos resolveu dar o nó. Esta forma de expressão é muito usada quando se fala em casamento. O casal referido, com os nomes de, -----------------------------------, são os pais do Auto Biografado, -----------------------.
Deste matrimónio, nasceram oito rebentos, sendo seis do sexo masculino e dois do sexo feminino. Por ordem de chegada, eu fui o segundo, que viu a luz do dia (se é que vi) pelas 11 horas do dia de 21 de Agosto de 1941.
Nasci no lugar de ----, freguesia de ----- do concelho de ------. Por volta dos nove anos de idade, fui viver para uma quinta rural, com a minha família, onde permaneci até à incorporação no serviço militar.
Tratava-se de uma família pobre, de poucos recursos materiais e monetários, como era óbvio e quase geral naquele tempo para muitas famílias, com problemas acrescidos porque, estávamos em plena Segunda Guerra Mundial (1939/1945).
Vivíamos na citada quinta rural, muito grande, como caseiros rendeiros, usufruindo apenas das sobras dos cereais, frutos e vinhos, depois de concluído o pagamento da renda, estipulado em medidas de capacidade.
Também, podíamos dispor de galináceos, coelhos, suínos e bovinos, cuja criação e recriação era feita na própria quinta, embora, na maior parte das vezes, se procedesse à sua venda para solucionar problemas de várias índoles. Para dar uma ideia das dificuldades, das forçosas e rigorosas economias, sirvo-me de um ditado chinês para melhor elucidar essa rigorosidade: Quando o pobre come galinha, é sinal de doença nele ou nela!
Assim, fui crescendo nessa Quinta d--------, em --------,------. Como todos os miúdos ou crianças do meu tempo, tínhamos as nossas brincadeiras, dispondo de alguns brinquedos artesanais toscos, mas, não sonhávamos sequer com os brinquedos caríssimos e extravagantes dos garotos nossos homónimos de hoje!
A vida no campo é muito diferente da dos meios urbanos: mais saudável porque há mais arvoredo e menos poluição. A alimentação, também será melhor se não ficar à míngua das doses adequadas, sabendo que, temos o benefício das hortaliças e a diversidade de víveres, poderem ser colhidos ou apanhados com pouca antecedência da confecção das refeições, conservando assim as suas vitaminas mais em actividade.
As colheitas de diversos cereais, as vindimas, o manuseamento e preparação do linho e os serões da aldeia, tornavam-se em autênticas festas, onde se dançava e cantava e, nós sentíamos uma alegria imensa quando tomávamos parte nesses trabalhos agrícolas. Não havia outras distracções, sendo portanto, os momentos ideais para expandir a nossa satisfação, mesmo quando éramos ainda pequerruchos.
Apraz-me referenciar também, que nesses anos de vivência rural, não tínhamos luz eléctrica nem água canalizada e, nem pensar sequer em casas de banho! A luz era fornecida por candeias a petróleo ou outros apetrechos enquanto que a água era trazida em vasilhas a partir de fontanários públicos.
Para as necessidades fisiológicas, preparavam-se latrinas e outros meios pouco recomendáveis para uma boa sanidade, advindo dessas ínfimas técnicas ancestrais, a poluição e as doenças infecto-contagiosas.
Veio a idade da escola e, lá fui eu como os outros catraios. Tive sorte, pois a escola ficava perto de casa. Era um rapaz inteligente, segundo as professoras de então, mas pouco aplicado, fazendo distrair os meus colegas.
“Deixo aqui expresso, a minha profunda admiração, assim como o meu sincero reconhecimento, às Digníssimas Professoras pelos ensinamentos recebidos que, foram e continuam a ser o caminho aberto para novos rumos da minha civilização.”
O tempo avançou. Chamada à escola a minha boa mãe, foi-lhe dito que eu aprendia muito bem mas era preciso aplicar-me mais. Depois de algumas repreensões e tabefes, melhorei um pouco mas continuei malandro. O que é certo, é que no exame da 4ª classe, (na altura eram feitos na sede concelhia) deixei para trás os meus colegas mais aplicados, sendo aprovado com distinção, provocando neles e na professora algumas lágrimas de tristeza, porque eles apenas ficaram aprovados. Sei que, se calhar, esperavam e mereciam mais a distinção do que eu…
Continuei a vivência com os meus pais na quinta, porque, não havendo possibilidades económicas para que fosse estudar, também era necessário ajudar nos diversos trabalhos do campo, apesar da minha tenra idade.
Os meus pais, tiveram sempre o máximo cuidado, dando-nos tarefas mais leves e que fôssemos capazes de as executar sem excesso de esforço. Bons pais que eu tive!
Em 15 de Junho de 1961, apresentei-me na sede do Concelho de -------- para ser inspeccionado. Fiquei apurado para todo o serviço militar.
Naquela altura, ninguém se livrava disso, porque tinham surgido as primeiras insurreições em Angola, o ataque de pirataria ao Paquete Santa Maria, e mais tarde os problemas surgidos na Índia Portuguesa, além de outros, faziam antever uma futura conjectura política de problemas que se pensa sempre, em primeiro lugar, que sejam os militares a resolver.
Confesso que, pensava mudar de vida e arranjar um emprego, o que não era fácil. Talvez o serviço militar, fosse uma porta aberta para conseguir esse objectivo. Ofereci-me voluntário para a Marinha de Guerra, tendo acertado em cheio na escolha!
Não queria de forma alguma menosprezar os militares de outras armas mas, toda a gente sabe que, a Marinha de Guerra sempre primou, em todos os aspectos, estar na vanguarda e, não é que em formaturas e desfiles nacionais e estrangeiros, a Marinha de Guerra Portuguesa ocupa sempre o primeiro lugar!? Mas, não só por isso. A Marinha zela pelos interesses dos seus marinheiros, dando-lhes condições de higiene, alimentação, desporto, cultura e ensinamentos militares e não só, pondo à disposição dos mesmos o acesso a estudos de variados graus de ensino, dificultados, às vezes, pelas tarefas navais que, natural e esquematicamente têm de ser feitas no quotidiano da marinhagem.
Em 14 de Março de 1962, fui incorporado na Armada como Fuzileiro, tropa de elite, criada propositadamente, para enfrentar e combater em Angola, Moçambique e Guiné, nos cenários de guerra de guerrilha e contra guerrilha ao que, vulgarmente, apelidamos de terrorismo, podendo este, actuar de diversas formas e também, planeando atingir certos objectivos.
O serviço militar, foi para mim um bom emprego que durou sete anos e meio. Fiz uma comissão de serviço (1962/1965) em Moçambique, de trinta meses, num país magnífico, banhado pelo Oceano Índico do qual guardo imensas recordações e saudades. Não fosse por ali o Cabo da Boa Esperança?!...
Estive também na Guiné durante vinte e dois meses, (1966/1968) num clima deveras incipiente e mau. Guardo destes países inúmeras memórias, nem todas boas, porque a guerra deixa sempre marcas no corpo e no espírito, cujas cicatrizes tarde ou nunca ficarão curadas.
Felizmente, a sorte esteve quase sempre do meu lado mas, não o suficiente para esquecer no meu íntimo, as amarguras de ver colegas feridos e mortos o que ainda hoje me dói e doerá eternamente... porque na Marinha, somos uma família muitíssimo unida, talvez, pelas circunstâncias de navegarmos, dias, semanas e meses dentro do mesmo casco do navio, onde nos conhecemos e sabemos tudo de todos, nos ajudamos reciprocamente, mesmo em casos de estrema perigosidade.
Deixei a Marinha em 19 de Junho de 1969 bastante contrariado, porque eu tinha dois amores: Além de toda a minha santa família, eu gostava sinceramente da Marinha mas também da minha noiva, ----------, a quem ardente e apaixonadamente dediquei e fiz, nas horas de ociosidade algumas quadras de amor.
Não era da vontade dela que eu continuasse na Marinha, tendo em conta o perigo constante de, destacados para o ultramar e na condição de fuzileiros operacionais, viéssemos a sofrer algum dissabor que, contrastasse com a felicidade que augurávamos com o nosso casamento, realizado em 13 de Abril de 19--. A tudo isto se juntava também, aquela conhecida e famosa tradição ou paranóia de que, em cada porto os marinheiros têm uma namorada! O ciúme não dorme…
Assim, pus fim a uma carreira militar de sonhos e anseios, onde ganhei muitos amigos, granjeei simpatias, adquiri conhecimentos e conheci alguns locais do mundo que, se não fosse a Marinha, naturalmente, seria matematicamente inimaginável.
Lembro-me dos muitos locais onde estive ou passei: Angola, Moçambique, Guiné, África do Sul, Namíbia, Rodésia (Zimbabué), Serra Leoa, Senegal, Ilhas Canárias, Cabo Verde, Açores, Madeira, etc., etc.
Ainda hoje, acompanho com frequência tudo o que diga respeito à Marinha e não perco as oportunidades de visitar os Vasos de Guerra nacionais e estrangeiros, de participar em efemérides, convívios ou eventos relacionados com a Armada.
Depois desta narração epopeica, surge de novo a vida civil e simultaneamente as responsabilidades de um matrimónio ainda com sabor a lua-de-mel.
O pior, acima de tudo, foi a readaptação a nova vida e novo trabalho. Promessas de emprego não faltavam, mas a concretização não se consumava. Tanto assim que, acabei por aceitar, embora não gostasse muito, o lugar de motorista de pesados numa empresa de empreiteiros, bem pertinho de casa.
Embora acumulasse simpatias e ajudas de colegas de profissão e até ganhasse um salário razoável, tenho de admitir que tive dificuldades em arrepiar caminho. A vida na Marinha era outra coisa…e sete anos e meio não são dois dias!
Claro que eu não aceitava de certa forma, maneiras um tanto ou quanto impróprias de mandar e de trabalhar e, por essa razão, o ambiente na empresa começou a poluir-se na minha direcção. Durou um ano e pouco, provocando algum pranto na minha esposa que, começou a desconfiar da minha postura em relação ao trabalho.

Com a saída, um pouco atribulada da empresa, começaram as interrogações do que seria o futuro, dado que, já tínhamos uma filha o que, naturalmente, nos obrigava a maior dispêndio familiar.
Entretanto, pensamos em construir uma casa. Fizemos os nossos balanços económicos, estudamos as hipóteses de pagamento de juros e decidimos deitar mãos à obra.
Projectamos como devia ser a casa, elaboramos desenhos e recriando plantas, cálculos orçamentais, solicitando pareceres e apoios, concluímos: vamos começar!
Não será necessário enumerar a quantidade de sacrifícios a que nos sujeitamos, porque sabemos que, como nós, houve e haverá outros que têm as mesmas aspirações e portanto, ficam entregues também às contingências da vida.
Seguidamente, arranjei trabalho de motorista numa empresa de passageiros e comecei a gostar do serviço que era mais limpo: fatinho e gravata.
Porém, nem tudo são rosas e alguns chefes de serviço, ao que me foi dado avaliar, sem capacidades para o cargo, vendem-se por uns copos e castigam uns mais que outros no trabalho. A minha consciência e maneira de ser, não admite deslizes desumanos do género, entrei em desacordo e claro, não anui a tais prepotências, originando que viesse embora ao fim de ano e meio.
 Dizia eu que, se fosse preciso manobrar um machado, picareta ou outro utensílio de trabalho, manobrá-lo-ia para mitigar a fome do meu agregado familiar, honestamente.
Neste espaço de tempo, nasce outra filha e, obviamente as coisas complicam-se a nível de despesas.
Depois disso, lancei-me para a estrada da vida, como motorista de longo curso durante cinco anos, vindo a conhecer melhor os cantinhos de Portugal e alguns países europeus: Espanha, França, Alemanha e Luxemburgo.
Entretanto, surge o terceiro filho que nos impõe um minucioso estudo sobre as despesas do agregado familiar: cortar num lado para dar para o outro.
A perseverança, aliada a outros factores como o ânimo, a vontade e o querer, são extremamente fundamentais nestas alturas, não consideradas cruciais, mas que exigem um raciocínio profundo, pormenorizado e concentrado.
Finalmente, voltei ao serviço público de passageiros, como motorista durante vinte e quatro anos, mas noutra empresa. Aí, mais maduro, comecei a ser mais paciente, tentando levar a minha cruz com mais cautela, evitando tropeçar e deixando para trás o ímpeto da mocidade, corrigindo defeitos que, de certo modo, nos podem prejudicar, pensando e sabendo que o peso dos anos se torna num bálsamo próprio para a serenidade e a acalmia.
Nestes vinte e quatro anos, proporcionado pelo meu trabalho de motorista de turismo, conheci e lidei com muitíssimas pessoas; descobri ainda melhor o nosso Portugal através de roteiros turísticos; saboreei a gastronomia deste Oásis Portucale da Península Ibérica; fui romeiro, admirei trajes e ouvi sotaques variados de norte a sul; assisti a dançares folclóricos da verdadeira e original cultura portuguesa, deixando soar nos tímpanos dos meus ouvidos o Vira, o Malhão, a Cana Verde, a Rusga, o Fandango, as Serenatas, os Fados e tantos cantares e tantas músicas lusas, que fazem do nosso País uma autêntica catedral de sinfonia, de conhecimentos e de cardápios de nível muito elevado e de relevo mundial.
O último filho aparece quase extemporaneamente, pois, nasce com um interregno de oito anos em relação ao penúltimo. Com a situação económica razoável e menos embaraçosa, este filho veio junto com o carro, que tínhamos adquirido havia pouco tempo, depois de termos feito novo balanço das nossas economias e despesas.
O tempo passa e num ápice, sentimo-nos velhos pelo acumular do peso dos anos e das vicissitudes que a vida nos impõe ou então, pelas quais, distraidamente nos deixamos enrolar! Contudo, ficam as réstias de esperança na jovialidade que, desejamos manter pelas forças do querer e da nossa férrea vontade!
Reformei-me antecipadamente, aos 63 anos de idade pela Segurança Social, juntando também a Aposentação da Marinha de Guerra Portuguesa.
Como tenho mais tempo disponível e sou apaixonado pela ciência e o saber nunca é demais, dediquei-me a estudar, lamentando apenas alguma falta de apoio e também o desgaste da minha inteligência pela idade.
Contudo, sou persistente e devagar, devagarinho, vou caminhando, vendo com satisfação que os resultados aparecem. Fiz o 9º Ano, aprendi a trabalhar com computadores quase sem ajuda e hoje, consigo fazer algo em diversos programas, nomeadamente no Publisher, pois escrevo, edito e publico um pequeno boletim interno no Movimento dos Cursilhos de Cristandade a que pertenço.
Apesar de reformado/aposentado, tenho muitas tarefas para executar: apoio aos meus netos na ida e regresso das aulas, nos seus deveres escolares, etc; sou Ministro Extraordinário da Comunhão, Leitor e Acólito; faço parte da Comissão de Obras da Igreja; sócio dos Bombeiros; sócio da Associação dos Veteranos de Guerra; sócio da Associação Nacional de Fuzileiros, etc.
Entre os anos de 2006 e 2007, frequentei com aproveitamento um curso de contabilidade, satisfazendo assim um anseio com dezenas de anos, pois, pensava e queria descobrir os segredos da contabilidade, agora, melhor ainda com a ajuda do Excel. Fiz também um Curso Básico de Inglês.
O forte desejo de aprender, fez relançar a ideia de me candidatar a Novas Oportunidades para fazer o 12º Ano, porque, antes disso e como este processo estava demasiado lento, cheguei a pensar na candidatura à Universidade através do exame Ad Hoc. Prefiro, no entanto, concluir primeiro o 12º Ano, subindo assim, degrau a degrau, para que, estando no cimo da escada e surgindo algum contra tempo, o trambolhão possa vir a ser mais suave e de menos impacto…
Nome--------

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