quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Valores Éticos e Culturais...

Com o título de Três Boas Almas, vou passar a desenvolver estes conceitos de valores éticos e também culturais, pois, pelo que li algures, eles vêm ao encontro do núcleo gerador que fomenta estas questões.
Deixem-me apenas referir que não acredito em almas de burros e, também não alinho em superstições, mas respeito as ideias, opiniões e crenças dos outros.
Fico com a boa impressão da grande alma deste bibliotecário ambulante, como se diz vulgarmente quando encontramos pessoas com relevantes préstimos acima da média: este possui uma alma de cântaro!
Vejamos a história que vou narrar: Dizem que a gralha é um animal demoníaco. Os espanhóis, quando alguém nega a existência de bruxas, abanam a cabeça e murmuram: “ Pero que las hay…”
Os judeus referem as maldades dos “dibukes”, homenzinhos que fazem coisas espantosas, tal como cegar, temporariamente, uma pessoa, que deixa de ver os chinelos ao fundo da cama.
Os árabes, para explicar o inexplicável, têm alminhas penadas (e malamdrecas): os “djinns”.
Eu continuo sem perceber, por exemplo: como foi possível estar a transcrever para os meus apontamentos um trecho do “Diário Incompleto”, de Agustina, que estava diante de mim, e chamar ao livro: “Diário Imperfeito”?! Seriam as bruxas?...
Certamente que qualquer leitor, conhecedor dessa obra, se tal nota fosse editada corrigiria o erro e ainda bem porque se trata de coisa excelente. Mas hoje, venho falar de um humilde professor do nordeste da Colômbia e dos seus dois burros, Alfa e Beto. Ora, junte as palavras e lerá Alfabeto.
É que o professor anda pela selva, de povo em povo, a distribuir livros. Muito suam ele e os jericos! Três boas almas! Há algum teólogo que reclame?
Esse homem nasceu numa região pobre, inculta e violenta. Estudou noutro lado, onde aprendeu o ofício de mestre-escola. Ao reformar-se voltou à origem – com a convicção que a cultura é a maior riqueza e uma arma formidável contra a injustiça e banditismo.
Foi-se ao curral e carregou de livros os dois burrinhos, em alforges, ao modo de almocreve samaritano, que empresta, não vende. Numa barraca junto à sua casa, guarda 4.000 volumes, a maior parte oferecida pelas instituições que souberam deste D. Quixote campesino.
Existem no mundo pessoas com ideias fenomenais que merecem dos seus concidadãos uma estima, um respeito e admiração pelo tanto que dão e fazem em benefício da cultura do seu país e do mundo.
Dar explicações ou aulas numa escola, universidade ou qualquer agremiação de ensino – embora não seja fácil dado o extremismo de alguns alunos – é muito natural que estes estabelecimentos possuam os ingredientes normais e precisos para se leccionar qualquer grau académico.
No entanto, o caso que se explanou e expandiu merece que a pessoa desse ilustre professor, rodeado de imensos sacrifícios, contingências adversas dos climas regionais colombianos, seja coroado de louros, proclamado herói da cultura e receba o grau de Doutor Honoris Causa! Mais: que seja proposto para prémio Nobel da Cultura.
Há no mundo grandes homens rodeados de coisas tão pequenas!

AT

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